DA FALA PARA A ESCRITA:
O APAGAMENTO DO RÓTICO
POR ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
O APAGAMENTO DO RÓTICO
POR ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Geisa Borges da Costa (UFRB)
geicosta@ufrb.edu.br
geicosta@ufrb.edu.br
1. Introdução
Um dos campos em que a teoria da variação linguística se mostrou bastante fecunda, tal como proposta por Weinreich, Labov e Herzog, em 1968, foi o da fonética. Nesta área de estudos, diversos trabalhos sociolinguísticos têm contemplado o rótico como foco de análise, pelo fato de este oferecer várias possibilidades de variação e realização. Em posição pós-vocálica, são numerosas as pesquisas em diversas regiões do Brasil que demonstram seu total apagamento. Na linha da sociolinguística variacionista laboviana destacam-se trabalhos como a tese de doutorado de Dinah Callou (1979), que marca o início dos estudos acerca deste fonema na fala urbana culta. Seguindo esta trilha, vários outros trabalhos enfocaram a realização deste fenômeno linguístico em diferentes estados brasileiros, buscando as correlações estruturais e sociais para descrever e explicar a realização ou a ausência de realização deste fonema em diversos dialetos do português do Brasil. As pesquisas de cunho sociolinguístico que trataram da realização variável do /r/ demonstraram que em posição final de vocábulo, o zero fonético é uma das variantes mais produtivas para o rótico, acontecendo majoritariamente em todas as regiões pesquisadas e sem marca de classe social. Para os professores que lidam com o ensino de português no nível fundamental, há uma repercussão clara desses fenômenos na escrita. É muito comum encontrar-se nos textos dos alunos palavras em que a letra r em posição final não é grafada. Em vários casos, muitos professores tratam desses fatos da mesma maneira como tratam, por exemplo, de desvios como o que se observa em “excessão” por “exceção”: consideram apenas haver um desvio gráfico, decorrente das irregularidades do sistema alfabético da língua portuguesa. Esta pesquisa, de natureza empírica e eminentemente descritiva, enquadra-se nos princípios teóricos da sociolinguística quantitativa, na medida em que pretende investigar os aspectos linguísticos e extralinguísticos relacionados ao apagamento do rótico em posição de coda final na escrita de estudantes das séries iniciais da cidade de Catu (BA). Estudos realizados sobre a língua escrita vêm dando uma contribuição significativa para a área educacional, aproximando cada vez mais a teoria linguística da prática pedagógica. Assim, este trabalho persegue os seguintes objetivos: a) analisar os níveis de apagamento do rótico na escrita de estudantes das séries iniciais; b) apontar os contextos linguísticos que favorecem o apagamento; c) investigar as possíveis relações entre o apagamento e fatores sociais; d) identificar o grau de interferência da fala na escrita dos estudantes que participaram da pesquisa. Além disso, esse estudo poderá trazer uma contribuição significativa aos segmentos escolares iniciais e até mesmo à formação de professores de língua materna, já que os achados de pesquisas acadêmicas deste nível podem ser aplicados ao cotidiano daqueles que atuam na educação básica, possibilitando um conhecimento mais sistemático acerca de alguns fatos da língua. Portanto, a aproximação entre a pesquisa sociolinguística e o trabalho pedagógico torna-se imprescindível para que o ensino de língua portuguesa torne-se mais eficaz e menos prescritivo, na medida em que esses estudos, baseados na relação entre a linguagem e fatores socioculturais e estruturais, podem fornecer ao professor elementos importantes para entender e trabalhar com a variação linguística presente em sala de aula, tanto na fala espontânea dos alunos quanto na escrita dos mesmos.
Um dos campos em que a teoria da variação linguística se mostrou bastante fecunda, tal como proposta por Weinreich, Labov e Herzog, em 1968, foi o da fonética. Nesta área de estudos, diversos trabalhos sociolinguísticos têm contemplado o rótico como foco de análise, pelo fato de este oferecer várias possibilidades de variação e realização. Em posição pós-vocálica, são numerosas as pesquisas em diversas regiões do Brasil que demonstram seu total apagamento. Na linha da sociolinguística variacionista laboviana destacam-se trabalhos como a tese de doutorado de Dinah Callou (1979), que marca o início dos estudos acerca deste fonema na fala urbana culta. Seguindo esta trilha, vários outros trabalhos enfocaram a realização deste fenômeno linguístico em diferentes estados brasileiros, buscando as correlações estruturais e sociais para descrever e explicar a realização ou a ausência de realização deste fonema em diversos dialetos do português do Brasil. As pesquisas de cunho sociolinguístico que trataram da realização variável do /r/ demonstraram que em posição final de vocábulo, o zero fonético é uma das variantes mais produtivas para o rótico, acontecendo majoritariamente em todas as regiões pesquisadas e sem marca de classe social. Para os professores que lidam com o ensino de português no nível fundamental, há uma repercussão clara desses fenômenos na escrita. É muito comum encontrar-se nos textos dos alunos palavras em que a letra r em posição final não é grafada. Em vários casos, muitos professores tratam desses fatos da mesma maneira como tratam, por exemplo, de desvios como o que se observa em “excessão” por “exceção”: consideram apenas haver um desvio gráfico, decorrente das irregularidades do sistema alfabético da língua portuguesa. Esta pesquisa, de natureza empírica e eminentemente descritiva, enquadra-se nos princípios teóricos da sociolinguística quantitativa, na medida em que pretende investigar os aspectos linguísticos e extralinguísticos relacionados ao apagamento do rótico em posição de coda final na escrita de estudantes das séries iniciais da cidade de Catu (BA). Estudos realizados sobre a língua escrita vêm dando uma contribuição significativa para a área educacional, aproximando cada vez mais a teoria linguística da prática pedagógica. Assim, este trabalho persegue os seguintes objetivos: a) analisar os níveis de apagamento do rótico na escrita de estudantes das séries iniciais; b) apontar os contextos linguísticos que favorecem o apagamento; c) investigar as possíveis relações entre o apagamento e fatores sociais; d) identificar o grau de interferência da fala na escrita dos estudantes que participaram da pesquisa. Além disso, esse estudo poderá trazer uma contribuição significativa aos segmentos escolares iniciais e até mesmo à formação de professores de língua materna, já que os achados de pesquisas acadêmicas deste nível podem ser aplicados ao cotidiano daqueles que atuam na educação básica, possibilitando um conhecimento mais sistemático acerca de alguns fatos da língua. Portanto, a aproximação entre a pesquisa sociolinguística e o trabalho pedagógico torna-se imprescindível para que o ensino de língua portuguesa torne-se mais eficaz e menos prescritivo, na medida em que esses estudos, baseados na relação entre a linguagem e fatores socioculturais e estruturais, podem fornecer ao professor elementos importantes para entender e trabalhar com a variação linguística presente em sala de aula, tanto na fala espontânea dos alunos quanto na escrita dos mesmos.
Disponível em:
http://www.google.com.br/url?q=http://www.filologia.org.br/xvii_cnlf/cnlf/08/03.pdf&sa=U&ei=PpNrVLiRIcGigwSHy4GwBg&ved=0CCAQFjAC&sig2=dHwXdqg0PmZE-WItz3aw2Q&usg=AFQjCNFH_k93nzC8CcIfaBVjVE3uKgo0kg